terça-feira, 31 de agosto de 2010

As Midias Na Pratica Docente

Tecnologia e Educação - As mídias na prática docente


Livro organizado por Wendel Freire discute o uso de mídia na prática docente e como as transformações tecnológicas e comunicacionais mudaram as relações entre os indivíduos e afetaram a escola e o modo de ensinar.

“As tecnologias não são boas ou más. Depende do uso que você faz delas.” A frase, na introdução do livro Tecnologia e Educação – As mídias na prática docente, organizado por Wendel Freire, traduzem bem com que temas o leitor vai se deparar nas páginas seguintes.

Os autores convidam o leitor a refletir sobre como a escola tem disponibilizado aparelhos e tecnologias a seu público, por exemplo, e se está debatendo e/ou procurando entender como essa evolução tecnológica gera transformações na sociedade.

O artigo de Valter Filé, por exemplo, faz um passeio pela evolução das tecnologias ao longo do tempo, discute as relações entre cultura oral e escrita, a chegada das mídias eletrônicas... Sempre na perspectiva de que não adianta colocar em uso todos os meios ou criticá-los, sem conhecer suas nuances e refletir sobre seus usos e a quem se destina. Ou seja, levar em conta o contexto desse uso e o enorme potencial transformador que as tecnologias possuem.

Dimmi Amora, por sua vez, questiona se o professor está preparado para ser dono de um meio de comunicação. Ele lembra que a evolução das comunicações de massa está diretamente ligada à evolução da humanidade e que hoje os meios que surgem, já carregam a possibilidade de interação entre o produtor de conteúdo e o público a quem se destina suas mensagens.

Ou seja, hoje, “a participação de quem recebe a mensagem é elemento constituidor da própria mensagem”. Todos nós somos produtores em potencial de um site, um blog, uma revista, um jornal...Isso aumenta nossa responsabilidade pelo que produzimos, visto que seu alcance é bem maior.

Os professores devem preparar seus alunos, portanto, para enquanto audiência saberem a melhor maneira de criar produtos para os meios de comunicação, serem críticos em relação a eles, mas ao mesmo tempo saberem o que querem e o que fariam com um veículo na mão, aproveitarem as possibilidades que eles oferecem.

A autora afirma que a esperança, talvez única, para uma profunda transformação na produção dos meios de comunicação é a escola. E que aprender televisão, por exemplo, deve ser considerado tão importante quanto aprender literatura. A partir do momento em que estudantes aprendem sobre os meios e a produzir para os meios, tornam-se indivíduos mais responsáveis não só com a escola, como com a sociedade em volta dela.

Na mesma linha, Wendel Freire reflete sobre a presença maciça e veloz das informações na nossa sociedade e como estamos (ou não) processando essas informações e transformando-as (ou não) em conhecimento. Citando Sêneca, Wendel ressalta que “nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir” e que temos que estar preparados para lidar com essa velocidade midiática.

Segundo o autor, uma das maneiras é trabalhar com os meios de comunicação nas escolas. Não apenas como recurso pedagógico, mas como objeto de estudo, “para que os jovens tenham uma compreensão menos superficial de sua época, da influência midiática no jogo democrático, no discurso ideológico e no consumo”. Para Wendel, qualquer projeto de sociedade e de educação deve levar em conta a mídia enquanto espaço público.

O artigo revela ainda uma pesquisa feita pelo autor junto a alunos de 5ª série de uma escola pública do Rio de Janeiro, que tiveram a oportunidade de conhecer o processo de produção de um jornal, debateram sobre mídia e, por fim, fizeram uma aula-passeio em sua comunidade adotando a postura de repórteres, fotografando e registrando tudo. O final da experiência foi a produção de um jornal produzido pelos alunos e que acabou sendo um exercício de reflexão crítica sobre a mídia e a sociedade.

Lígia Silva Leite estimula uma reflexão sobre diferentes momentos da cultura e como eles impactaram a forma de elaborar e representar o conhecimento. Ela defende que os educadores se perguntem de qual maneira querem que a mídia deve ser integrada ao processo pedagógico e, ao mesmo tempo, sugere que não seja de uma forma tecnicista, como mero recurso de apoio.

A autora defende que os educadores devem interagir com a mídia sem cobrança educativa, mas a partir de sua adequação à proposta pedagógica em questão, integrando-a ao processo educativo em consonância com a abordagem da tecnologia educacional. Além disso, ressalta que a escola de hoje deve ser “problematizadora, desafiadora, agregadora de indivíduos pensantes que constroem conhecimento colaborativamente e de maneira crítica”. Nessa perspectiva o educador deve ser mais do que nunca um “estimulador, coordenador e parceiro do processo de ensino e aprendizagem e não mais um transmissor de conhecimento fragmentado em disciplinas”.

O livro traz ainda artigos de Marcos Silva analisando o aluno da geração digital, que tem levado a atitude para dentro da escola e exigido uma nova sala de aula e Edméa Oliveira Santos, que fala da aprendizagem em um ambiente interativo e espaço de autoria e co-autoria e da possibilidade de diálogos através de blogs ou outras interfaces digitais. E destaca a Web Quest, “atividade coletiva baseada na pesquisa orientada, em que quase todos os recursos e as fontes utilizadas para o desenvolvimento da atividade são provenientes da web”.Ela estimula, porém, que os educadores criem projetos pedagógicos utilizando as possibilidades tecnológicas e comunicacionais, mas sempre levando em conta a interatividade.

Tecnologia e Educação – As mídias na prática docente

Wendel Freire (Org.), Dimmi Amora, Edméia dos Santos, Ligia Silva Leite, Marco Silva e Valter Filé

WAK Editora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário